Meu nome é Mayara Nize, tenho 28 anos, sou fisioterapeuta esportiva e moro em Belo Horizonte/ MG.

Quando comecei a namorar o Danillo, que na época (2008) era estudante de Educação Física, uma das coisas que eu mais admirava nele era sua paixão e dedicação a um estilo de vida saudável. Ele jogava futebol, dava aula de tênis, malhava e corria. Meu sogro então, era um corredor nato, não perdia uma prova! Era todo domingo uma prova diferente. Até meia maratona os dois já tinham feito juntos!

Ah, a corrida! Essa daí já tinha passado pela vida antes, lá pros anos de 2005, por meio do meu pai. Perdi as contas de quantas provas eu fui assisti-lo correr e achava aquele ambiente o máximo, embora nem me imaginasse correndo. Mas aí depois meu pai teve hérnia de disco, operou e teve que parar de correr.

Eu sempre gostei de atividade física. Joguei vôlei dos 7 aos 17 anos, fiz spinning na água mas nunca fui magra. Muito pelo contrário, estava cada vez mais “cheinha” e mais triste com meu corpo.

Durante todo o namoro, Danillo sempre me incentivou a praticar exercícios, mas focando no bem estar, e aí a perda de peso seria consequência. O problema é que na minha cabeça aquilo parecia impossível! Exercício pra mim até podia ser prazeroso, mas o foco era emagrecer, o que sempre gerava mais ansiedade. A propósito, nessa altura da vida eu já tinha tido algumas crises de ansiedade e estava em tratamento, tomando remédios controlados.

Em meados de 2012 minha mãe me disse que iria operar de redução de estômago. Aquilo me fez perceber de uma vez por todas que eu tinha uma mãe obesa e que precisava me cuidar pra não trilhar o mesmo caminho. Em dezembro do mesmo ano, enquanto assistia a Volta da Pampulha pela televisão, pensei em voz alta: “Queria tanto estar lá correndo…”. Minha mãe, que ouviu aquilo disse: “É só você treinar que você consegue!”. Aquelas palavras ficaram ecoando na minha cabeça, foi a primeira picadinha do bichinho da corrida.

No mês seguinte eu e Danillo viajamos pra Curitiba. Enquanto passeávamos por aqueles parques lindos, ver aquelas pessoas correndo de alguma forma despertou em mim a vontade de curtir a vida daquele jeito. Era um dia lindo e eu senti vontade de estar correndo também. Na volta do aeroporto, enquanto eu revia as fotos que tiramos nessa viagem, percebi uma realidade que eu não queria enxergar: eu havia passado dos 70 kg pela 1ª vez na vida! Mas foi nesse mesmo momento, numa segunda dia 14/01/2013 que tomei a melhor decisão da minha vida. Falei com Danillo: “Amor, esse ano quero começar a correr, perder 10 kg e correr a volta da Pampulha. Você me ajuda?” Lembro que ele disse, sem botar muita fé: “Quer começar que dia? Hoje?” E respondi: “Hoje não, amanhã!”

No dia seguinte lá estávamos nós na lagoa da Pampulha pra que ele fizesse meu teste físico. Mandou-me “correr” 12 minutos o mais rápido que eu conseguisse e sem parar. Lembro que quase morri pra completar 1520m!!!

A partir daquele dia eu não parei mais. Danillo, nessa época já formado, montou uma planilha de treino pra mim e no primeiro mês eu treinava praticamente todos os dias. Durante a semana ia pra esteira, e aos finais de semana tinha a companhia do noivo pra correr na lagoa.

Nessa época aprendi a traçar metas a curto prazo pra não perder a motivação, mas sempre tendo em mente os objetivos finais. Estipulei que perderia 3 kg até o carnaval e quando consegui completar meus primeiros 3 km já me inscrevi pra minha primeira prova de 5 km, que foi a circuito das estações, em março.

Meu pai já tinha voltando a correr e então me acompanhava, assim como meu noivo e meu sogro. Ao concluir a prova de 5 km já me inscrevi numa de 10 km, no fim de abril. Completei a prova em 01h09min, cheia de bolhas e dores nas pernas, mas ali já tinha certeza que não queria parar nunca mais de correr. Até essa prova eu não tinha perdido muito peso, mas isso já não era o único foco. Eu comecei a gostar de estar correndo, e a volta da Pampulha se tornava algo cada vez mais palpável!

Os treinos se intensificaram, os tempos diminuíram até que eu consegui! Em dezembro de 2013 eu tinha perdido não 10, mas 13 kg, e completei a tão sonhada Volta da Pampulha! Aquilo foi o êxtase! Tinha meu noivo, o maior incentivador do meu lado comemorando comigo a nossa vitória! Ali eu provei pra mim mesma que eu consigo tudo que eu quero e que não preciso ter medo. Eu sou capaz de realizar meus sonhos! A ansiedade diminuiu muito e hoje eu confio muito mais em mim.

Depois disso vieram duas meias maratonas, várias outras provas menores, recordes pessoais batidos e o primeiro pódio por categoria, sempre orientada pelo noivo, que é até hoje meu treinador e incentivador. Mas o mais importante foram os amigos que fiz, as pessoas que incentivei e, principalmente, a pessoa em que me tornei por causa da corrida.

Hoje sou uma Mayara completamente diferente! Acordo cedo com prazer pra cuidar de mim. Aprendi que a corrida não nos torna simplemente corredores. Ela nos transforma em pessoas capazes de superar desafios na vida.

Instagram: @mayaranize